Vagalumes de hoje … Vagalumes de ontem….
Quem teve a sorte de nascer há mais tempo, como eu e viver em uma cidade pequena para a época, quando ainda existiam muitos pequenos sítios e chácaras próximas do centro da cidade. Viveu coisas que talvez hoje seja mais difícil viver.
Nestas chácaras podíamos passar o final de semana com segurança e passear por trilhas e estradas de terra muitas vezes cheias de barro vermelho no qual era possível até mesmo brincar de fazer bonequinhos com a lama.
Nas noites calmas e ouvindo apenas o “piar das corujas” , o “coaxar dos sapos” após a chuva e o “canto das cigarras” nas plantas que faziam parte do jardim em volta da casa, criávamos passatempos interessantes. Um deles era colar num álbum folhas que durante o dia pegávamos das arvores, e descrevíamos as características da árvore desta folha, como era seu fruto, cor, o cheiro, e tudo que poderia nos ajudar a identificá-las
Só que quem como nós tiveram o privilégio de ter um avô bastante animado e criativo, tinham outros afazeres além de colar folhas. Nosso avô nos levava até o portão do sítio para passar a corrente e o cadeado. Mas, antes disso ficamos brincando no escuro, com apenas um facho de luz da lanterna, e às vezes a luz tênue do poste estava acesa isso nos permitia ver e “caçar vagalumes” para colocá-los em um vidro.
Ele com quase seus oitenta anos, ficava sentado em um banquinho enrolava lentamente seu cigarro de palha de milho e o fumava ao ar livre, enquanto os netos faziam suas experiências com a luz própria dos vagalumes que conseguíamos colocar no vidro.
Saudade imensa desta época. São muitas as ausências tanto do Vô Pedro, dos irmãos, assim como dos fantásticos minúsculos e brilhantes vagalumes, que hoje nem sei se ainda voam por aqui. Neste Natal 2021 caminhando pelas ruas de Sorocaba, muito maior e movimenta que a cidade da minha infância, uma coisa chamou a minha atenção. Uma coisa boba tipo deste enfeites de luzes para alegrar o Natal, um arame muito fininho com micro luzinhas para criar e enfeitar o que a nossa criatividade permitir.
Comprei um destes ‘arames’ e ao chegar em casa coloquei dentro de uma garrafa, e ao acendê-la voltei no tempo e me lembrei dos vagalumes de ontem, mesmo não tendo encontrado este arame luminoso com luzes verdes que depois fui procurar. Não pude deixar de pensar que estava reeditando “a lanterna dos pequenos vagalumes de outrora”. Sendo assim recebi um presente de Natal inesperado a lembrança boa de uma infância carregada de emoção, de abraços, colos e muitas aventuras vividas com este avô.
Com tudo isso sou grata ao Universo pelo presente de hoje e pelas vivências de ontem.