O que é isso afinal? De quem são estas cinzas da 4ª feira?
E para que servem? Para quem não teve uma formação católica, talvez não saiba mesmo, e sem problemas não saber ou entender disto.
Afinal quem não sabe pode sempre aprender.
Porém, quem sabe já tenha ouvido a frase:
“Do pó viestes e para o pó retornarás!”
Isso é bíblico embora possamos ouvir em diversas outras situações que não exatamente dentro de um recinto religioso numa igreja católica.
Basicamente é isto que a 4º feira de cinzas quer nos lembrar. Alguns dizem que na verdade não deveríamos esquecer disto nunca, nunquinha!
Pois esta é a verdade mais absoluta que irá nos acompanhar sempre, durante toda a nossa caminhada, seja ela curta, curtíssima ou longa.
Do começo:- Deus criou Adão do barro, da terra, do pó. Ou seja, éramos nada antes e seremos nada depois da morte. Voltamos para a terra ao sermos enterrados. Enterrar significa colocar sob a terra. Mesmo que sejamos doravante cremados voltaremos ao pó de qualquer forma. Quem sabe espalhados sobre um lindo e verdejante gramado.
Não importará mais para quem se foi. Se de um jeito ou de outro, uma vez que a vida acaba não o importa para onde irão os restos mortais só importará para quem ficou com a incumbência de fazer a última vontade de quem partiu, e talvez chorar por ele.
Na 4º feira de cinzas nas Igrejas Católicas podemos receber uma cruz desenhada com cinzas na testa, ato feito pelo padre, dizendo a cada um de nós o mesmo dito Crístico. “Do pó viestes e para o pó retornarás!”, talvez o mais importante disto tudo é nos manter alerta de que a vida é isto. É aqui, agora; depois disto quem sabe… logo o que é matéria fica onde matéria importa, não se pode levar nada. Nem mesmo se tiver encomendado um caixão-box para colocar os bens, faraós tentarão este feito e deixaram para nós, os vivos, nos museus o que ficou aprisionado por longos anos sob as areias do deserto.
Sendo assim a Igreja Católica nos lembra que existe um tempo para viver e um tempo para se pensar em como escolhemos viver. Pois, ‘chegar e partir são só dois lados da mesma viagem’, como tão lindamente já cantou Milton Nascimento anos atrás.
A quaresma é bem isso, os quarenta dias entre a morte e ressurgir para a vida. Um tempo de reflexão, de preparação pelo que esta por vir, a festa Pascal, a ressurreição de Cristo.
Porém, muito antes dos católicos observarem isto, já existiam tradições folclóricas referentes ao tempo do inverno e do posterior renascimento da terra, ou seja, primavera, no hemisfério norte.
Alguns aproveitam estes quarenta dias para jejuar, ou se colocar a prova. Deixar de lado por estes dias e noites alguma coisa que goste vejamos … pode ser :- chocolate – cafezinho – cerveja – jejuando deste prazer ou ‘gosto’ aquilo que muito especial ou relevante.
Isto pode significar privar nossa criança interior, dos mimos de que gosta tanto. Para que com isto fortaleça sua coragem, dando-lhe condições de crescer ao perceber que é capaz de passar sem alguma coisa que julgava irresistível. Que podemos entender e deixar para lá as ‘doces compulsões’ do dia a dia que nos assombra.
As cinzas da 4º feira de cinzas nos mostra o lado fugaz das coisas, assim como os infindáveis ciclos que vemos e vivemos todos os dias; noite e dia, estações do ano que se sucedem, o próprio ano que passa, as etapas escolares, gestação, nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice e claro morte. Parece que tudo sempre tem um começo e um final, quando olhamos para os ciclos.
Quarenta é um número bastante visto pela Bíblia afora. Noé, Elías, Moises, Jesus, os apóstolos todos de alguma forma amargaram por quarenta dias e quarenta noites alguma ‘situação’, para que após este tempo algo de melhor se incorporasse a cada um deles.
Jesus só foi para as pregações após jejuar no deserto seus quarenta dias e noites. Só depois disso sentiu-se pronto para tal. Talvez possamos fazer uma proposta nesta quaresma; cada um pode escolher o que quer melhorar em si próprio e manter na consciência durante os quarenta dias e noites.
Para que na Páscoa possa alegrar-se com o feito, sentir-se fortalecido por ‘jejuar’ por exemplo, de algum pensamento negativo, de uma posição pessimista, arrogante, maliciosa, ou mesmo ficar sem chocolates até a descoberta dos seus ovos de Páscoa no jardim.